A análise de Pedro Carvalho, CEO da Generali Tranquilidade
Os dados do Barómetro revelam que a performance (observada e esperada) das empresas nacionais em 2025 tem estado em linha com o esperado. A nível internacional, importa realçar que quase um terço dos inquiridos avalia negativamente o acordo comercial entre a União Europeia e os EUA. Este resultado pode indiciar alguma falta de confiança nos actuais órgãos de gestão da política europeia. Por outro lado, um sinal positivo a destacar é haver mais de 90% das respostas a indicar um impacto nulo ou reduzido dos problemas nas cadeias de abastecimento, facto que é particularmente relevante dada a importância que as exportações têm para certas indústrias-chave portuguesas. Quanto à apreciação da actuação do Governo português, há uma visão genericamente positiva relativamente às reformas anunciadas, no entanto, na questão laboral, o sentimento de dois terços dos empresários portugueses é que são medidas no caminho certo, mas que ficam aquém do esperado. Nas prioridades para o Orçamento do Estado de 2026, destacam-se o crescimento económico (66%) e a redução dos impostos directos sobre o rendimento (IRC – 60% e o IRS – 56%). Enquanto o primeiro depende de uma multiplicidade de factores, tanto internos como externos, o segundo constitui um instrumento de acção directa por parte do Governo, passível de ser ajustado com relativa celeridade. No entanto, sendo esta a principal fonte de receita do Estado, qualquer alteração nas taxas exige uma análise cuidadosa das suas implicações: importa avaliar se o dinamismo económico poderá compensar a perda de receita fiscal ou se, em alternativa, será necessário recorrer ao aumento do défice e/ou à contenção da despesa pública.
Testemunho publicado na edição de Outubro (nº. 235) da Executive Digest, no âmbito da XLIV edição do seu Barómetro.
